Senhor Presidente.
Nobres deputados.
Vamos pensar juntos. O culto aos nossos heróis existe, existiu e existirá para sempre na consciência da humanidade. Os seus sacrifícios na guerra e na paz têm grande significado para todos nós, de ontem e de hoje.
E..., relembrando o que escreveu Olavo Bilac, devo assegurar que os heróis verdadeiros são aqueles que tornam magnífica uma vida que já não podem suportar. Em resumo, são heróis até a hora da morte e depois dela, por séculos e séculos.
Nesta mensagem dirigida ao povo de Xapuri, devo dizer que o trabalho, o suor e o sangue dos nossos pioneiros é que iniciaram toda essa história que nos honra até os nossos dias e para sempre.
Na passagem de mais um aniversário de Xapuri, recordo um certo professor, já falecido, que um dia me disse que Xapuri tem o algo mais bem semelhante ao que tem Santiago de Compostela, na Espanha. As energias positivas emanadas de São Tomé das Letras, em Minas, ou do Vale do Amanhecer, no Distrito Federal, têm muito a ver com os eflúvios benéficos da nossa Princesinha do Acre. É verdade.
Lembro tantas figuras ilustres que viram a luz pela primeira vez em Xapuri, de Jarbas Passarinho a Jorge Kalume - o último falecido - passando pelas mãos do grande médico Adib Jatene, dentre muitos outros eminentes.
Os xapurienses são mesmo assim, carismáticos, analíticos, homens e mulheres de muita sensibilidade. E é exatamente por isto que aqui vai a minha homenagem ao povo desta cidade que tão bem me abrigou e a mim escolheu como o seu representante nas esferas do poder neste Estado do Acre. Da mesma forma, vão os meus agradecimentos pela acolhida e pela amizade tão bem partilhada. Fico grato.
Entretanto, aqui, a homenagem maior deve ser feita ao insigne cearense de Morada Nova, João Damasceno Girão Filho, o fundador de Xapuri.
Nascido em 1857 e falecido em 1895, trata-se de um nome que faz parte do glorioso panteão dos Heróis do Acre. Mudando-se para Xapuri ainda moço, conseguiu amealhar grande patrimônio e enorme prestígio. Antes, foi o fundador da Vila de Antimari, depois cidade de Floriano Peixoto, de que foi o primeiro prefeito.
Em 1894, trouxe, sob a sua responsabilidade comercial, o primeiro navio a Xapuri, o que foi o maior arrojo da época, segundo as palavras do cronista e historiador Napoleão Ribeiro no livro O Acre e seus Heróis.
Muito jovem ainda, João Damasceno viajou para a Amazônia, a fim de dar vazão ao seu espírito empreendedor e de liderança, fascinado pela perspectiva de aventura numa região onde tudo era sacrifício, onde tudo era produto do esforço e do trabalho.
O destemido cearense, juntamente com outros seus companheiros - a grande maioria era gente do Ceará - ao chegar ao Acre foi logo, segundo palavras do jornalista Freitas Nobre, efetuando transformações, modificando e civilizando a região que, posteriormente, brasileiros e bolivianos discutiriam se pertencia ao Brasil ou à Bolívia.
O historiador Raimundo Girão, sobrinho neto do nosso fundador, exorta o povo do Ceará a se orgulhar muito dele, que não é só glória de Morada Nova, mas de todo o Brasil. Inconteste, pois a coragem e o espírito de patriotismo de tão ilustre cearense, cuja memória nunca deixará de ser relembrada como um daqueles que, superando-se a si mesmo, soube legar aos porvindouros um exemplo mais que digno de justa admiração e dignidade pessoal. (Palavras de Raimundo Girão)
Senhores e senhoras! Jovens de hoje! Os xapurienses devem lembrar este nome com grande orgulho, uma vez que, entre Adão Galo e Sadala Koury, talvez seja este o pioneiro que mais fez pela cidade e pelo povo de Xapuri, deixando o exemplo de um cidadão otimista e a realidade de uma cidade concreta que não se deixará nunca abater pelos anos, na graça de Deus.
A todos os xapurienses, os meus parabéns!
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